usina da cana quebrada
(ou o grande calote)

 

rio de pedras


na curva da estrada

a vida parada

na curva da estrada.

restos selvagens

do capital bolorento

na curva fechada

da cana quebrada.

na curva da estrada

a mata folhada

a vida afogada

no sabor do nada

da rotina acabada.

na curva da estrada

os restos mortais

de uma safra apagada.

braços cansados

emergem do nada

buscando a voragem

do coma alcoólico,

esperança do nada.

na curva da estrada

a dança macabra

dos braços rasgados

em troca do nada.

na curva da estrada

a mão traiçoeira

no bolso enfiada.

na curva da estrada

os homens sedentos

herança faminta

da usina quebrada.

 

 

 

ir de encontro ao mar

enquanto a brisa assanha...

beijar a face do oculto

enquanto a lua banha...

buscar a alma indivisa

que o entrecortado apanha...

ir de encontro ao vento

enquanto no telhado arranha...

planar no azul do céu

prá amenizar a sanha...

buscar  neste calor do sol

que a pele rota ganha...

dormir o sono oculto

e sonhar sorte tamanha...

acordar insone e lento

enquanto o amor barganha...

 


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